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HISTÓRIA
Os efeitos do racismo na saúde mental

A enquete sobre questões raciais lançada pelo U-Report Brasil em novembro, mês da consciência negra, contou com a participação de mais de 1.360 pessoas de todos os estados do país, sendo a Bahia o local com o maior número de participantes. Entre os participantes, 57% se autodeclaram negros (pardos e pretos), 23% brancos, 4% amarelos, 2% indígenas e 15% não declararam raça. 


Desenvolvido com o apoio de adolescentes do projeto Geração Que Move SP, além do impacto do racismo na saúde mental, o conteúdo do questionário abordou questões de conhecimento da história familiar, da história indígena e afro-brasileira, a relevância das cotas raciais em vestibulares e outros concursos.


Em 1948, a Organização Mundial da Saúde (OMS) determinou o conceito de saúde como o "estado de bem-estar físico, mental e social”, não somente como a ausência de doenças. Nessa perspectiva, é iminente que as desigualdades sociais e toda a opressão que a população não-branca sofre gera impactos na saúde dos sujeitos. Para os participantes do questionário, esse impacto na saúde não só acontece, como é bastante expressivo: 93% pensam que o racismo tem grande impacto no bem-estar da saúde mental.


No Brasil, ser uma pessoa negra ou indígena é sofrer diversos tipos de violência ao longo da vida. Desde a gestação e nascimento, a opressão racial já se faz próxima: mulheres negras são as que mais sofrem violência obstétrica no país. Na infância, o racismo já se expressa de forma direta, sobretudo quando as crianças chegam no ambiente escolar. As violências vão crescendo e se multiplicando ao longo da vida de diferentes formas, ainda mais para quem também pertence a outras populações socialmente vulnerabilizadas; como mulheres, LGBTs, pessoas com deficiência, pessoas pobres, entre outras. Isso tudo causa um grande impacto na saúde mental.


Apagamento da história como pilar do racismo


Uma das mais importantes bases do racismo no Brasil é a invisibilização da história e cultura indígena e afro-brasileira. A colonização e a escravidão exploraram muito além da força de trabalho - uma série de ações foram desenvolvidas para que os povos indígenas e negro perdessem a conexão com suas culturas e histórias; até sobrenomes foram trocados. Por esse motivo, hoje no país é difícil para muitas pessoas que possuem raízes indígenas e negras conhecerem a história de suas próprias famílias. No questionário, 75% das pessoas afirmaram conhecer a história de suas famílias somente a partir de avós e bisavós. 


Para reparar o dano do epistemicídio, surgiu a lei 10.639, em 2003, que torna obrigatório o ensino sobre a história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas - no entanto, esta nem sempre sai do papel. Entre todos os participantes da enquete, 7% afirmam nada ter aprendido sobre a história e cultura indígena e afro-brasileira na escola. Entre jovens que não declararam raça, o número sobe para 40%. A maioria dos/as jovens de 20 a 24 anos (49%) diz ter aprendido pouco ou nada sobre a história e cultura indígena e afro-brasileira na escola. 


Outra medida legal para reparar os danos sofridos pela população preta, parda e indígena (PPI) são as cotas raciais em vestibulares e outros concursos. O grande histórico de opressão da população negra e indígena no Brasil se reflete na desigualdade de acesso a direitos como educação e trabalho. Essa parte da popu lação ainda é minoria nas universidades e outros espaços de poder - a presença, hoje crescente, é resultado de décadas de luta pelas cotas raciais. Quando perguntados sobre essas ações afirmativas, 69% dizem pensar que as cotas raciais em vestibulares e outros concursos são necessárias, 22% afirmam não ter opinião formada e 9% se declaram contra. Entre os grupos raciais que se declaram contra as cotas, brancos e pessoas que não declararam raça são os mais expressivos - 10% e 11% respectivamente.


U-Oquê?


O U-Report global do Unicef implementado pela Viração Educomunicação no Brasil. Funciona como uma ferramenta de participação social no meio digital, que tem como objetivo mobilizar e envolver a juventude em discussões sobre seus próprios direitos.

Basicamente, o projeto atua por meio de um chatbot social (um robô) que troca ideia com adolescentes e jovens. Os conteúdos são distribuídos na forma de enquetes, centrais de informação, materiais educativos, desafios temáticos, transmissões ao vivo, entre outros, e chegam aos jovens por meio de aplicativos que fazem parte do cotidiano.

Você pode fazer parte do U-Report através do Facebook ou do WhatsApp.

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