De novembro de 2023 a janeiro de 2024, o U-Report escutou as percepções de adolescentes e jovens sobre os obstáculos que meninas e mulheres enfrentam para ter acesso a direitos e as suas opiniões sobre quais ações os líderes globais devem priorizar para alcançar mudanças. Essa enquete foi criada com a ajuda do Grupo Consultivo de Meninas Líderes Global do UNICEF e, seguindo sua recomendação, alcançou jovens de todos os gêneros.
Ao longo de seis semanas, quase 590 mil U-Reporters responderam e compartilharam suas opiniões sobre o estado dos direitos das meninas em seus países e as suas prioridades na promoção e proteção desses direitos no futuro.
Aqui estão alguns dos resultados-chave da enquete:
Discriminação contra meninas
Quando perguntadas se sentiam que as meninas eram discriminadas em seus países, quase 60% das pessoas que responderam a enquete disseram que sim. Quando questionadas se acreditavam que, em seus países, se as meninas presenciarem algo errado, podem denunciar às autoridades, que irão acreditar no que elas disserem, mais de 40% das pessoas discordaram ou disseram não ter certeza desse cenário. Esse número sobe para cerca de 60% na América Latina, Caribe, Europa Oriental e Ásia Central, revelando um ceticismo dos respondentes que não concordam ou não têm certeza de que as meninas podem denunciar algo errado à uma autoridade e serem levadas a sério.
Tomando decisões sobre seus corpos
As principais prioridades dos U-Reporters quando se trata de capacitar meninas a tomar decisões sobre seus corpos, são promover a educação sobre o corpo e a educação dos pais sobre os direitos das meninas. No continente africano, cerca de 75% dos U-Reporters consideram essenciais tanto a educação corporal quanto o esclarecimento dos pais sobre os direitos de suas filhas. A abordagem abrange temas desde a puberdade e menstruação até o HIV e o casamento infantil, reforçando que meninas, meninos e seus pais devem ter acesso à informações precisas e confiavfeis para garantir sua segurança e bem-estar.
Segurança financeira e empoderamento econômico
As meninas comumente são deixadas para trás na educação financeira, mas os U-Reporters consideram uma agenda prioritária empoderar as meninas nas questões financeiras, para que elas possam fazer escolhas financeiras acertadas e contribuir economicamente para suas famílias. Seja na escola, nos centros de formação profissional, em espaços seguros ou através de um aplicativo, as meninas merecem acesso a informações e habilidades para ter poder sobre seu futuro.
No Brasil
A consulta do U-Report Brasil refletiu percepções semelhantes à pesquisa global, com 60% dos participantes reconhecendo a existência da discriminação contra meninas. Além disso, 41% acreditam que acabar com a violência baseada em gênero deveria ser a principal prioridade de investimento para promover os direitos das meninas em relação à educação e ao desenvolvimento de habilidades. Educar pais e famílias sobre os direitos das meninas (31%), bem como fornecer educação sobre saúde e contracepção (28%) também surgiram como prioridades.
Se você fosse líder governamental e tivesse 1 bilhão de dólares para usar em ações que defendam e promovam os direitos das meninas, como você gastaria esse dinheiro?
Na enquete do U-Report, perguntamos aos jovens como eles gastariam um bilhão de dólares para promover os direitos das meninas. Aqui estão algumas de suas respostas.
“Reforma na estrutura judiciária, nas escolas, na educação, no mercado de trabalho, buscando, o máximo possível, a equidade de gênero com base na conscientização e oportunidades garantidas.” – Menina, 17 anos, Brasil.
“Trabalharia para garantir que as meninas tenham acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva. Trabalharia para promover a educação de gênero para reduzir a discriminação e a violência contra as meninas. A longo prazo, tentaria mudar as leis e a cultura que as oprimem, para garantir que todas tenham uma vida livre e digna. Também tentaria apoiar o trabalho realizado por organizações não governamentais que apoiam as meninas e ajudam a criar projetos locais que tenham um impacto positivo nas meninas e em sua comunidade.” – Menina, 17 anos, Bolívia.
“Investiria em acabar com a violência de gênero, financiaria campanhas que defendem os direitos das meninas e lhes proporcionaria acesso adequado a cuidados médicos e educação. Financiaria programas menstruais e tornaria o estupro ilegal.” – Menina, 16 anos, Bangladesh.
“Como líder governamental com um bilhão de dólares para gastar nos direitos das meninas, eu: 1) Alocaria uma parte significativa para melhorar e expandir oportunidades educacionais para meninas; 2) investiria em programas de saúde que abordam as necessidades específicas das meninas; 3) investiria em advocacy; e 4) Investiria em soluções impulsionadas pela tecnologia para reduzir lacunas educacionais e econômicas e promover inovação e inclusão para meninas na era digital.” – Menina, 18 anos, Ruanda.
“Investiria uma parte significativa dos fundos em melhorar o acesso à educação de qualidade para meninas, incluindo a construção de escolas, fornecimento de bolsas de estudo e capacitação de professores. A educação é crucial para capacitar as meninas e quebrar o ciclo da pobreza.” – Menina, 15 anos, Madagascar.
“Garantir acesso universal a serviços de saúde de qualidade para mulheres e meninas, incluindo mulheres indígenas e mulheres com deficiência, seria minha prioridade.” – Menina, 18 anos, Nigéria.
“O ponto de partida seria ensinar as meninas a serem independentes, que elas têm voz, o direito de decidir o que fazer com suas vidas, e fornecer as ferramentas para que construam seus futuros e os de seus entes queridos.” – Menina, 18 anos, Guatemala.
“Investir em campanhas de conscientização para derrubar barreiras culturais e promover a igualdade de gênero é crucial.” – Homem, 24 anos, Uganda.
“Se eu fosse um chefe de governo e tivesse um bilhão de dólares para dedicar aos direitos das meninas, investiria na educação para todas as meninas. Implementaria programas de educação de qualidade, acessíveis a todos, para permitir que as meninas tenham as mesmas oportunidades que os meninos. Também apoiaria iniciativas para combater o casamento precoce, promover a saúde e o bem-estar das meninas e fortalecer sua participação na sociedade. É importante capacitar as meninas para que realizem todo o seu potencial e criem um futuro melhor para si mesmas e suas comunidades. 💪💕” – Menina, 17 anos, Níger.
“Investiria a maior parte em educação, saúde e igualdade de gênero porque acredito que a educação é a maneira mais eficaz de mudar as mentalidades sobre os direitos das meninas.” – Menino, 16 anos, Vietnã.
A pesquisa reforça a necessidade de ouvir as vozes das juventudes, globais e locais, para enfrentar a discriminação, promover a educação e saúde das meninas, e assegurar seu empoderamento econômico e social. Através da colaboração e investimento em áreas prioritárias identificadas por jovens ao redor do mundo, podemos construir um futuro onde todas as meninas possam viver livremente e alcançar seu pleno potencial.
Acesse o resultado completo: https://brasil.ureport.in/opinion/3655/
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